Quando se fala em plantas e remédios caseiros para dormir melhor ou para ajudar a tratar a insónia, a valeriana é a personagem principal de várias publicações das redes sociais.

Num post partilhado no Facebook, por exemplo, escreve-se que “a valeriana é uma erva amplamente utilizada como auxiliar do sono”. Numa outra publicação alega-se que “foi comprovada a eficácia do uso” desta planta “no combate à insónia”. Mas, afinal, o que diz a ciência?

É verdade que a valeriana ajuda a dormir melhor e a tratar a insónia?

Em declarações ao Viral, o diretor da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, Miguel Meira e Cruz, adianta que, do ponto de vista científico, “há algumas dúvidas” sobre a eficácia da valeriana officinalis no tratamento da insónia.

O especialista do sono aponta que, apesar de na prática clínica se verificar casos em que os extratos de valeriana podem ajudar com a insónia, “não se pode dizer, perante a ciência, que isso é verdade e indubitável”. Até porque diferentes estudos sobre a mesma matéria tiveram resultados diferentes. 

A título de exemplo, numa revisão sistemática publicada em 2007, a valeriana é apresentada como uma erva “segura, mas não eficaz” a ajudar a tratar a insónia. No sentido contrário, nas conclusões de uma revisão sistemática e metanálise publicada em 2020 diz-se ter sido demonstrado que “a valeriana pode ser uma erva segura e útil isoladamente e também em combinação [com outras abordagens] no tratamento de problemas de sono, ansiedade e comorbilidades associadas”.

Meira Cruz admite que a existência de resultados díspares em estudos distintos se possa dever, eventualmente, à utilização de diferentes “fórmulas, formas de administração, composição e dosagens” em cada um deles, o que “não permite, depois, equiparar a eficácia”.

Por outro lado, sublinha, “não podemos descartar aquilo a que se chama o efeito placebo”. Ou seja, “o facto de o paciente saber que está a ser acompanhado já, muitas vezes, o ajuda a dormir”. 

Assim sendo, pela falta de estudos de comparação, torna-se difícil dizer se os efeitos sentidos no sono resultam da administração “da planta ou do extrato em si mesmos” ou se têm origem na crença na eficácia do tratamento (efeito placebo).

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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